Um dos momentos mais tensos que enfrentei para passar pela cirurgia bariátrica, foi quando precisei ler e assinar um documento declarando que estava ciente de tudo que poderia dar errado. E cá pra nós, era muita coisa!
Enquanto lia sobre os problemas que poderiam acontecer durante o procedimento e depois, já com o estômago reduzido, me lembrei que as bulas de remédio também são assim. Repletas de informações tão assustadoras que te deixam na dúvida se aquele medicamento vai te prejudicar mais do que ajudar.
Assinei o documento, fiz a cirurgia e tudo correu bem. Não tive nenhuma das complicações mais sérias e precisei me adaptar às limitações que a minha nova vida me trouxe. Coisas simples, mas que definitivamente mudam nossa rotina.
Na semana passada, entalei durante um almoço com amigos e deixei todo mundo preocupado, achando que morreria ali, diante deles, no meio do restaurante. Já tive um dumping complicado durante uma aula na faculdade e meus alunos não conseguiam entender porque eu estava suando frio e tremendo depois de ter comido apenas um chocolate.
Complicações existem. Sempre. Algumas pessoas, como a Lara Fernandes, são ‘forçadas’ a se tornar vegetarianas porque não conseguem mais ingerir carne normalmente. Outras, transformam a sua compulsão por comida em vício por bebida, drogas ou jogo. As estatísticas sobre gastroplastizados que se tornam alcóolatras são assustadoras.
Nessa semana me deparei com o caso do britânico Tim Daily que pesava 150 kg antes de redução do estômago, perdeu quase a metade disso mas atualmente não consegue mais comer sólidos e sofre com dores constantes. Apesar de não ser um padrão, esse tipo de coisa pode realmente acontecer.
Na época em que ainda frequentava os grupos de apoio de gastroplastizados (sim, isso existe), conheci uma menina que havia operado há mais de dois anos, estava magra e se dizia feliz, mas não conseguia ingerir alimentos sólidos. Ela tinha uma dieta formada basicamente por líquidos e pastosos, além de uma ou outra fruta de vez em quando.
Antes de tomar a decisão de fazer a redução de estômago, é muito importante entender todos os prós e contras da cirurgia bariátrica, procurar um médico competente e seguir suas orientações à risca. Fazendo isso, as chances de ter surpresas indesejadas caem drasticamente.
Além disso, é preciso estar ciente que a nossa vida muda rapidamente e se a mente não acompanhar o corpo, o processo será mais doloroso e traumático. Temos de aprender a comer devagar e em menor quantidade de uma hora pra outra sob a pena de sentir dores insuportáveis e um mal estar difícil de descrever.
Não me arrependo de ter feito a redução de estômago, mas eu sabia os riscos envolvidos e o que iria acontecer comigo depois da cirurgia. Se você pensa em operar, meu único conselho é: informe-se. Aprenda tudo que puder, pergunte tudo que quiser e tire as suas dúvidas de uma vez, pois depois da gastroplastia pode ser tarde demais.
- 17/09/2010
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